Dando continuidade a lista de grandes anarquistas, quando digo grande, me refiro não a riqueza materiais como dinheiro e status, mas aos valores deixados e a riqueza de conhecimentos que trascederam o tempo, através de livros, escritos enfim e que hoje, se estou escrevendo sobre tais anarquista tudo se deve a mídia alternativa, a internet e aos livros e conversas com outros anarquistas, e com todo o prazer do mundo, hoje trago a anarquista individualista brasileira Maria Lacerda e Moura.
A palavra individualista pode parece algo egoísta a primeira vista mas calma lá que vou explicar um pouco do anarquismo individualista, em um outro momento, então não tire conclusões precipitadas rsrs.
A palavra individualista pode parece algo egoísta a primeira vista mas calma lá que vou explicar um pouco do anarquismo individualista, em um outro momento, então não tire conclusões precipitadas rsrs.
A questão da mulher é praticamente esquecida.

Como se sabe o anarquista é igualitário, ou seja , nessa época os homens que faziam parte de movimentos sociais, compartilhavam com suas companheiras, ideias e valores dessa ideologia, e deixava elas fazerem suas escolhas.
Mesmo assim a presença feminina era muito inferior a masculina.
Mesmo assim a presença feminina era muito inferior a masculina.
Entre as mulheres que se destacaram nas lutas anarquista, temos, Maria Lacerda de Moura, uma mulher de personalidade combativa, escritora e conferencista, que teve sua obra dinfudida para fora do Brasil e especialmente na Espanha, só que sua popularidade é praticamente desconhecida no Brasil, onde
um certo feminismo parece querer ocultar aquela que seria uma das
primeiras e mais importantes ativistas das causas das mulheres, mas que
nunca reconheceu no Estado, no Direito e no acesso profissional burguês a
sua causa.
Na verdade, isso acontece porque, antes de tudo, via
generosamente a luta feminista como parte integrante do combate social
compartilhado igualmente por homens e mulheres engajados na luta pela
eliminação de toda exploração, injustiça e preconceito.
Talvez por isso
mesmo, ela seja ainda um símbolo incômodo para toda a sociedade
conservadora, até para o atual conservadorismo feminista.
Maria nasceu no estado de Minas Gerais, em 16 de maio de 1887, desde jovem já mostrava interesse as idéias anticlericais e questões sociais.
Formou-se na Escola Normal de Barbacena, em 1904, começando logo a
lecionar nessa mesma escola.
Inicia então um trabalho junto às mulheres
da região, incentivando um mutirão de construção de casas populares para
a população carente da cidade. Participou da fundação da Liga Contra o
Analfabetismo. Como educadora, adotou a pedagogia libertária de
Francisco Ferrer .
Em 1920, no Rio de Janeiro, fundou a Liga para a Emancipação
Intelectual da Mulher, que combateria a favor do sufrágio feminino. Após
mudar-se para São Paulo em 1921, se tornou ativa colaboradora da
imprensa operária e começou a dar
aulas particulares e a colaborar na imprensa operária e anarquista
brasileira e internacional.
Chegou a escrever para o famoso jornal libertário "A Plebe "escreveu
principalmente sobre pedagogia e educação. Seus artigos foram também
publicados por jornais independentes, progressistas, jornais operários e
anarquistas de todo o Brasil.
Em 1923, lançou a revista "Renascença", publicação
cultural, cujo
foco foi a formação intelectual e moral das mulheres, divulgada no movimento anarquista e entre setores progressistas
e de livre-pensadores.
Fatos marcaram um pouco da atuante militância de Maria Lacerda, como em 1928, jovens estudantes e trabalhadores paulistas,invadiram o jornal pró-fascista italiano Il Piccolo, como resposta a um artigo que caluniava violentamente a pensadora libertária.
Fatos marcaram um pouco da atuante militância de Maria Lacerda, como em 1928, jovens estudantes e trabalhadores paulistas,invadiram o jornal pró-fascista italiano Il Piccolo, como resposta a um artigo que caluniava violentamente a pensadora libertária.
Na mesma época, Rachel de Queiroz, polemizou, nas páginas do jornal O Ceará, com um jornalista cearense que
atacou Maria Lacerda.
O texto de Maria Lacerda de Moura, foi
publicado no jornal independente O Ceará (1928), de Fortaleza, a pedido
da então jovem escritora Rachel de Queiroz, que se consagraria como uma
das grandes romancistas brasileiras conteporâneas.
Esse texto expressa o
pensamento de Maria Lacerda de Moura sobre o feminismo e sua visão
anarco-individualista.
Uma filosofia libertária bastante influenciada
por Han Ryner, um pensador libertário original que se destacou na França
como ativista anti-militarista, anti-clerical e defensor do amor livre.
Outra influência notória no texto é a de Emile Armand.
As conferências e textos da militante tratavam de temas como: educação, direitos da mulher, amor livre, combate ao fascismo e antimilitarismo, educação sexual dos jovens, a virgindade, o direito ao prazer sexual, o divórcio, a maternidade consciente e a prostituição, assuntos considerados tabu naquela época.
As conferências e textos da militante tratavam de temas como: educação, direitos da mulher, amor livre, combate ao fascismo e antimilitarismo, educação sexual dos jovens, a virgindade, o direito ao prazer sexual, o divórcio, a maternidade consciente e a prostituição, assuntos considerados tabu naquela época.
Maria Lacerda de Moura pode ser considerada uma das pioneiras do
feminismo no Brasil e uma das poucas ativistas que se envolveu
diretamente com o movimento operário e sindical.
Entre 1928 e
1937, a ativista libertária viveu numa comunidade em Guararema (SP), no
período mais intenso da sua atividade intelectual, tendo descrito esse
período como uma época em que esteve "livre de escolas, livre de
igrejas, livre de dogmas, livre de academias, livre de muletas, livre de
prejuízos governamentais, religiosos e sociais".
Ao longo de sua vida ela, passou por algumas fases de maior envolvimento social e outras de isolamento, umas de otimismo e outras de declarado pessimismo.
Ao longo de sua vida ela, passou por algumas fases de maior envolvimento social e outras de isolamento, umas de otimismo e outras de declarado pessimismo.
E, se no fim da vida, permanecia num certo
pessimismo, isso deve-se certamente às divergências e rupturas que, no
fim da década de 20, confrontavam anarquistas e comunistas ao mesmo
tempo em que acontecia a ameaçadora ascensão do fascismo. No entanto,
quando após a fundação do Partido Comunista dirigentes desse partido,
fizeram várias tentativas para aliciá-la, a pensadora libertária
recusou-se a abandonar sua visão de mundo, mantendo até ao fim da vida o
seu anarquismo individualista.
Dicas de leitura:
A mulher hodierna e o seu papel na sociedade (1923)
A mulher é uma degenerada? (1924)
Religião do amor e da beleza (1926)
Civilização, tronco de escravos (1931)
Amai-vos e não vos multipliqueis (1932)
Clero e Fascismo, horda de embrutecedores (1933)
Fascismo – filho dileto da Igreja e do Capital (1933)
A mulher é uma degenerada? (1924)
Religião do amor e da beleza (1926)
Civilização, tronco de escravos (1931)
Amai-vos e não vos multipliqueis (1932)
Clero e Fascismo, horda de embrutecedores (1933)
Fascismo – filho dileto da Igreja e do Capital (1933)
Em seu livro "Religião do amor e da beleza", Maria Lacerda de Moura defende o amor livre. Para ela, o amor só seria livre quando as mulheres não fossem mais compelidas aos braços dos homens por estarem submetidas a constrangimentos financeiros (seja pelo casamento, pela prostituição ou pela "escravidão do salário"), nem estivesse atada a preconceitos religiosos de qualquer natureza.
Para quem curte um filme ou documentário tem: "Maria Lacerda de Moura – Trajetória de uma Rebelde" de 2003.
O documentário possui 32 minutos, realizado pela equipe do Laboratório
de Imagem e Som em Antropologia, da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
Hoje, Maria Lacerda de Moura, é nome de uma rua no Rio de Janeiro e de uma escola pré-escola na periferia de São Paulo, sinais de um reconhecimento oficial da personagem que representa. Tem uma tese de doutorado sobre sua trajetória pessoal, na Universidade de São Paulo e múltiplas referências em outras.
Alguns outros trabalhos estão sendo elaborados comparando sua atuação à de outras anarquistas contemporâneas e aprofundando a análise de sua obra como educadora.
Nondo50
Oi Josi,
ResponderExcluirAdorei o texto! Maria Lacerda representa não só a luta rebelde, mas um referencial de igualdade em um pensamento simples e constante no tempo.
Beijos.
Lu
Vim primeiro agradecer por seguir meu blog, Crítica Amapaense e segundo para parabenizá-la pelo blog. Gostei muito das publicações que li, tanto que agora estou a seguindo!
ResponderExcluirAguardo a próxima publicação!
Oi Josi,
ResponderExcluirdá para acreditar que a Rede Globo exibiu um seriado sobre a famosa anarquista-feminista brasileira? Claro, dentro daquela visão tradicional de novelas comumentes fatigantes do circuito midiático burguês. Acho que Maria pode ser facilmente comparada com Emma Goldman, em relação a tendência anarquista delas: o individualismo, embora a Emma, se assumisse como comunista revolucionário, o que não exclui o indivíduo em todo caso. Lutaram bravamente pelas conquistas dos direitos da mulher naturalizados atualmente.
Parabéns pela qualidade do blog. Quando tiver disponibilidade visite o tempossafados.blogspot.com sempre procura tratar de liberdades e resistências lá!
Abraços libertários!
Parabens pela postagem é maravilhosa
ResponderExcluirMaravilhosa postagem!
ResponderExcluirParabéns pela postagem!
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