terça-feira, 30 de julho de 2013

Resenha - “Spirits” e “Terra de Santa Cruz” de Alan Flexa


Quem gosta de sonoridades e experimentações vai se deliciar com esses dois trabalhos do musico, Alan Flexa. Os EP´s “Spirits” e “Terra de Santa Cruz”, que só possuem semelhanças ao serem instrumentais, de resto são completamente diferentes, um é mais voltado a reflexão do ser e da alma e o outro ao descobrimento, seja ele também interior, ou a descoberta de novos horizontes e rumos na vida.




O Artista: Alan Flexa é musico e produtor  cena amapaense, nascido em 02 de junho de 1980, na cidade de Macapá, Amapá. Atuante na cena, desde 1996, tanto como musico, como na função de produtor, já produziu diversos artistas amapaenses como Desiderare, Amatherasu, Vila Vintém e Dkoff, além de participar do projeto Seed Falls. Atualmente é tecladista da banda de folk metal, MorrigaM. Nos últimos anos, Alan Flexa, tem produzidos um numero considerável de trabalhos autorais em carreira solo, dentre eles os dois EP´s que já passaram pelo blog , “Alquimia” de 2010 e ” Khaminari” lançado em 2012.


                                                                  Spirits

Spirits é um EP de Mystic New Age, lançado em janeiro de 2013, com autoria e produção de Alan Flexa, com uma proposta temática espiritual focado na organização e no equilíbrio do corpo e da mente, com sonoridades apenas instrumental e experimental. O EP já começa com a canção que trás um clima de equilíbrio espiritual, chamada de “Idade da luz”, com sonoridades que lembram um clima de chuva, reflexão e saudade. A canção é curta e tem arranjos simples de instrumentos de corda.




Seguida pela canção, “Oasis” que trás elementos da floresta, sonoridades e clima tribal produzido pelos instrumentos de sopro como flauta, além de efeitos de voz e instrumental. A terceira canção é “Fire Element”, com uma proposta mais oriental, sons que rementem aos mantras Hindus. “Microtons” é a canção que pra mim é o ponto alto desse disco! Lá atrás no EP Khaminari, Alan Flexa, já havia mostrado essa desenvoltura com canções com ritmo e som mais no clima futurísticas e utópico, e essa canção tem essa pegada, além de tem uma viber mais eletrônica e animada. A próxima canção, “Rising Sun”, continua seguindo a formula e o acerto de "Microtons", em uma linha futurista e oriental só que mais evoluída, que me lembrou o clima penetrante e reflexivo  de “Warsawar” de David Bowie em Low (1977), uma mistura e variação de sintetizadores bem trabalhados, sem deixar de ter uma originalidade e de casar com todas as canções do disco, impossível ouvir apenas uma vez!


Por fim, “The Universe”, que mostra que o artista conseguiu, sim, transmitir o equilíbrio entre tons/sons e variações musicais de teclado, uma mistura plena e tensa, uma musico-terapia aos amantes de musica experimental. Arte e produção do disco são de Alan Flexa.


Recital: O EP, Spirits foi apresentado a um público selecionado no auditório do MIS. Como o local era pequeno, não dava para divulgar a um publico grande, apenas convidados tiveram a oportunidade de ver e ouvir o Recital Mistic New Age que teve uma atmosfera ambiente com velas, candelabros e incenso, além de esteiras no chão. Uma apresentação bem intimista, mas sem perder a atmosfera mística, celta e espiritualizada que rodeia praticamente toda a produção instrumental de Alan. Foram apresentadas, tanto musicas do Spirits, como do ep Sirex e interpretações de Beto Guedes e Sebastian Bach. Os musicos convidados para acompanhar o artista foram: Lara Utzig  da banda DESIDERARE (voz), Edilson ( baixo) e Iann de Magalhães (bateria).



                                                  Terra de Santa Cruz


Conteúdo Histórico: Em 22 de Abril de 1500 chegava ao Brasil 13 caravelas portuguesas lideradas por Pedro Álvares Cabral.  À primeira vista, eles acreditavam tratar-se de um grande monte, e chamaram-no de Monte Pascoal.  No dia 26 de Abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil. Após deixarem o local em direção à Índia, Cabral, na incerteza se a terra descoberta tratava-se de um continente ou de uma grande ilha, alterou o nome para Ilha de Vera Cruz. Após exploração realizada por outras expedições portuguesas, foi descoberto tratar-se realmente de um continente, e novamente o nome foi alterado. A nova terra passou a ser chamada de Terra de Santa Cruz. Somente depois da descoberta do pau-brasil, ocorrida no ano de 1511, nosso país passou a ser chamado pelo nome que conhecemos hoje: Brasil.




O EP: Esse segundo EP é mais curto que o “Spirits”, com apenas 3 canções: Overture 1500 ( A Chegada) -  Que começa o descobrimento de experimentações e sonoridades desse EP, já nessa canção, com clima de marcha imperial e variações de sintetizadores que criam uma atmosfera de tensão, sem exageros e até mesmo com clima indígena e sons da floresta.



A canção de que dá nome ao EP, Terra de Santa Cruz, é uma canção épica e instrumental, com arranjos e sonoridades variáveis que trazem um clima de suspense e de uma orquestra simples e bem trabalhada, já no inicio, para terminar com clima de canção oriental, provocado pelos arranjos de teclado. Variação na dose certa é o item principal dessa musica.

Santa Maria (Caravela): é uma trilha experiommental que se aprofunda c a temática do disco, arranjada com sons e vozes que remetem a natureza.

 Todas as canções de Spirits e Terra de Santa Cruz, estão disponíveis para audição no soundcloud do artitas, segue o link: https://soundcloud.com/alanflexa/


sábado, 6 de julho de 2013

Entrevista - Baixo Calão (PA)


Pouco mais de um ano, a banda paraense de grindcore, Baixo Calão, volta ao Amapá para mais um show porrada e muito esperado, dessa vez no palco do primeiro "Undergrind - O retorno dos malditos" que aconteceu no dia 22 de Junho de 2013. Celebrando a volta das bandas; Baixo calão e Warpath ao Amapá, além da estreia da Visceral Slaughter (reformulação da amapaense, Anonymous Hate). 


Billy, eu e Leandro
Após a pancadaria que foi as três bandas citadas, eu (Josi Rizzari) e meu companheiro do Zine "Antiteses", Billy Podre, batemos um papo muito bacana e divertido com um dos front man do Baixo Calão, Leandro Pörckö, sobre Dead shall rise, turner europeia, cena underground e os novos projetos da banda. Segue, um pouco do que foi o papo nos bastidores do evento.

 01- Quais as lembranças que marcaram do primeiro piseiro aqui em Macapá, ano passado no Dead Shall Rise e como surgiu o convite?

Leandro Pörckö - Como foram 2 (dois) dias de shows. O primeiro eu fiquei muito doidão, curti para caramba. No segundo dia que fomos tocar, nós estávamos com uma expectativa um pouco diferente do que foi o evento, porque era um evento mais de metal e tal, viemos tocar e mostrar o nosso som para a galera daqui  que queria conhecer a gente, só que chegou na hora o público foi uma explosão. Foi nossa primeira vez em Macapá, em 2012 no Dead Shall Rise, como Baixo Calão, e o convite surgiu através do Fabrício (Anonymous Hate). 

Billy Podre, Fabricio e Lendro

Antigamente a galera queria trazer mas os custos não davam, passou um bom tempo, o Warpath veio aqui e do nada  aconteceu a ponte  e depois de 15 anos aparecemos para tocar aqui. A imagem que eu tenho marcada, foi do "Circle Piquet" que teve, foi foda para caralho!Nunca pensamos que fosse rolar uma parada dessa aqui, porque era um evento de metal, não desmerecendo, mas não imaginávamos que fosse ter uma galera mais grind. Porque tem muita falta de conhecimento da galera, pensam que grind é metal, a galera do HC  pensa que grind é metal, a galera do metal pensa que somos HC, ai a gente fica meio fudido.


02- Assim que vocês tocaram por aqui, sairam em tour pela Europa. Como foi mostrar o som do Baixo calão em terras gringas?

Leandro Pörckö - Foi outra vitória nossa! Somos daqui do fundo do Brasil, a galera do Amapá sabe o que é ser isso, ser o cu do Brasil. Chegar lá, os caras sabem que existia uma banda grind para cá, mas mesmo com o mp3 e os meios de  hoje, o cara chega no dia do show e diz que veio ver a banda, é a primeira oportunidade de ouvir vivo, comprar o cd, camiseta, patch, adesivo e ir embora com um pacotão. 

A Tour na Europa, 2012
Curtir os shows com Circle Piquet, muito mosh. Uma banda cantando em português, no meio dos gringos. Seria ate injustiça escolher apenas um lugar, uma cidade, acordávamos todo dia em uma cidade diferente, quando fazíamos uma  amizade, já tinhamos de nos despedir e pegar a estrada de novo, e a cada parada dizíamos: "Esse show foi fodido", ai chega em outra cidade, outro show foda, ai pensava: " Esse show foi muito doido" e foi virando uma sucessão de shows inesquecíveis e porrada. Mas acho que deu pra curtir a cidade de Praga, um lugar meio mórbido, cheia de gárgulas e coisas do tipo. 

O show de Praga foi marcante porque a galera que foi no show já tinha visto a gente em outros shows anteriores em outras cidades da Republica Checa e quem viu a gente nesses shows anteriores e foi no de Praga, estava usando as camisetas da banda que tinha comprado nso eventos passados. Muita gente usando a camiseta da gente nesse show de Praga, foi uma imagem inesquecivel!

A entrevista

E nós tocamos em cenários que eu passei a minha vida toda só lendo sobre eles, em zines essas coisas. Tocamos em shows underground que é underground mesmo, o cara  sabe quem é participante da cena e quem não é. Quando começa o show é fechada a porta, com um segurança na porta. 

É um show fechado, uma coisa bem particular, e chegamos a squats, que ninguém entra se for desconhecido e nós lá, estrangeiros, lá no meio, se sentindo turistas, porque percebíamos que estávamos agitando dentro de uma cenas forte e com ótima organização, galera que mora em prédios, parece um hospital de tao grande que é o espaço, tudo muito organizado, recebíamos o dinheiro bem dividido pra manter os squats, alimentação e material. Uma organização que eu paguei, galera que vive disso mesmo, não mexe com outra coisas além disso, tu ver que um show o cara combina contigo, 6 meses antes, com valor X e depois desses 6 meses, nós tocamos no lugar, nem tinha visto o cara e termina o show, o cara chega e te diz:  “tá aqui o combinado, de 6 meses atrás, a entrada deu tanto, vamos rachar o dinheiro para manter os quartos e a viagem " essas coisas. Uma organização de se admirar mesmo!


03- Quais as influências de vocês ao longo desses anos?

Leandro Pörckö - Temos influências para caramba! Surgimos em 1996, eu sou o primeiro da formação inicial, escolhi o nome da banda e todas essas coisas, o pessoal nos cobra um som punk rock como o que tocávamos antigamente.  Eu gosto de punk rock! Mas minha vontade sempre foi  de tocar um som parecido com os sons que eu ouvia, como o ROT, Napalm Death (na fase do disco “Scum”), confesso que eu queria copiar mesmo, o Napalm, queria fazer um som igualzinho, so que naquela época, não sabia fazer porra nenhuma, meu vocal era de moleque e então tocávamos o punk. Nada contra o punk,  mas o som que sempre quis tocar foi esse, o grind, foi mudando os integrantes, a galera foi pegando mais experiência na guitarra e evolui mais no vocal, ai vi que dava para fazer o grind.
No Dead Shall Rise, 2012 (fotos de Camila Karina)
Uma banda que gosto muito é o ROT, desde aquela época ate hoje o ROT foi uma das nossas maiores bandeiras, Terror Revolucionário e Noize são outras que gostamos demais, é uma infinidade de bandas que não dá para lembrar de todas agora.


04- E sobre os novos projetos do Baixo calão, vocês estão lançando um Mini-Ep, o que o público pode esperar? 

Leandro Pörckö - É a primeira vez  que vamos  lançar um mini-ep. Já foi lançado lá fora, e tudo foi fruto das nossas lutas, nós da bandas quando terminamos a turner, fizemos muitas amizades nas viagem, galera que deu muita força, ajudou. Então tivemos muitas propostas, mas nenhuma em curto prazo, para agora, apenas convites para voltar, mas nada sério. Então pensamos que era tudo passageiro, que a galera ai  esquecer, só iam lembrar enquanto  nós estávamos lá no meio, mas o pessoal da organização mais próxima, queriam fazer, eles iam atrás por lá e nos por aqui, e fomos atrás mesmo e depois de 17 anos de luta, gente que começa a acreditar na banda que até então nós sempre lançamos por conta nossa, os caras  ajudaram  a gente, gravamos, metemos o pé na porta mesmo e hoje já saiu o vinil, falta agora só colocar no colo e dormir abraçado (risos).
A entrevista

Tentamos fazer o que estávamos curtindo, é um espécie de "Atmo Medioka" (ultimo disco lançado pelo BC), só que mais sujo e levado, mas sem sem fugir  da linha do BC. O primeiro publico da banda tem de ser os integrantes, nós mesmos, depois disso que vem o público, senão fazer o que gostamos então, já era! fazemos o grind com letra, e não como a galera pensa que é mais barulho e não se importa com as letras, gostamos de letras  que tenham reflexão, mesmo que muitos falem que reflexão não enche barriga, eu prefiro fazer uma letra que faça o cara pensar, refletir do que uma música como o "lek, lek, lek"...

05- Pra finalizar, qual o balanço do show de hoje e qual recado para a galera de Macapá?

Leandro Pörckö - Nos estávamos a fim de voltar aqui e tocar, o calor daqui é como o de Belém, a galera é porrada! Vimos a galera curtindo e comentando sobre o evento no facebook, sabemos que muita gente posta que vai, no entanto, na hora mesmo, não vai! A galera tá acostumada com a  vida mais virtual que a real. Diz que vai   a todos os eventos, mas na verdade, mal sai da mesa do PC. Então fiquei com pé atrás, antes do show, meio que  desacreditado, de pensar que vai  todos que dizem ir. Eu sabia que a galera que foi no primeiro evento, ia voltar  e viria ao "Undergrind". 

O Show no Undergrind, 2012
Só que vi que a cena daqui cresceu muito, apareceu muito mais, a galera comprou cd, camiseta, deu uma ajuda para nós, pois vendemos essas camisetas e material  para angariar uma grana para lançar material novo e assim  estamos a 17 anos, já levei muita porta na cara, para continuar com a banda, então para chegarmos aqui, temos o maior conquista que é primeiro está vivo e com a banda ativa! Gravar CDs e vinil é bom, mas permanecer com a banda é uma conquista diária, então o meu recado é que terminamos o show a pouco, foi fodido pra caramba, parece que deram uma porrada na minha cabeça, agradeço a quem veio, que se multipliquem os ativos na cena, e quem não veio  devem ter suas justificativas. O underground é isso! É conhecer, ser mais um braço da família, penso que pode ser uma utopia, mas acho bacana chegar aqui, não como o troll, extremo e não falar com ninguém, mas conversa com a galera daqui e fazer amizades, isso é bacana!