sábado, 16 de março de 2013

Garotas No Vocal - NICO (Christa Päffgen)


Christa Päffgen, foi uma cantora, modelo e atriz, nascida no dia 16 de outubro de 1938, mais conhecida como NICO. Sua carreira musical, vai além da voz grave, sua imagem é marcada por drogas e álcool, um corpo magro e maquiagem pesada no rosto. Esses traços foram a imagem e a trilha de desajustados e desesperançados do começo dos anos 70 até hoje.

Natural de Köln, Alemanha, a cantora viveu uma infância dentro de uma Alemanha totalmente controlada por nazistas, Alemanha essa que matou o seu pai num campo de concentração.

O pseudônimo Nico, foi criado por seu mentor de carreira, o artista pop, Andy Warhol. 
Nico é um anagrama da palavra ICON (no português, ícone), devido talvez pelo perfil "mulherão" que tinha a artista nos anos cinquenta; modelo, magra e com visual ultra loiro, além de muito feminina e com uma voz grave marcante pelo sotaque alemão), como uma superstar Warhol, ela foi incluida no circuito  underground nova-iorquino e mais tarde tornou-se, além de modelo e atriz, uma cantora bem sucedida pela critica e foi uma das figuras mais fascinantes e misteriosas da música rock/pop contemporânea, e com certeza influência de muitas bandas femininas e cantoras que já passaram pelo blog. 
Nico ficou famosa seguindo a carreira de modelo em Berlim. Aos 14 anos, já tinha saído de casa e da escola e vivia de vender lingerie de porta em porta e de alguns bico de modelo. Um ano depois, sua mãe a encontrou numa loja de roupas em Berlin, onde trabalhava como manequim. Foi para Paris, e lá ela trabalhou para revistas como: Vogue, Tempo, Vie Nuove, Mascotte Spettacolo, Camera, Elle, entre outras do seguimento moda. 




Logo ela estava participando de comerciais de TV, o que chamou a atenção de diretores de cinema, e ela conseguiu um papel pequeno no filme "La Tempesta" (1958), do diretor Alberto Lattuada. Naquele mesmo ano, participou de  "For the First Time", do diretor Rudolph Maté. Em 1959, ela foi convidada pelo diretor Federico Fellini, para um pequeno papel no filme "La dolce vita".


Após dividir o seu tempo entre Nova York (estudando teatro) e em Paris, ela conseguiu o papel principal no filme "Strip-Tease" ( lançado em 1963), de Jacques Poitrenaud. Durante esse período (1962), ela deu à luz ao seu filho, Ari , fruto do relacionamento com o francês Alain Delon.

Em 1965, Nico conheceu o  guitarrista do Rolling Stones, Brian Jones, em uma festa. Brian ficou impressionado com o tom sexy e sombrio de sua voz, convencendo-a a cantar. De imediato a apresentou a Andrew Loog Oldham, produtor da banda RS, e Nico gravou: "I'm Not Saying", produzido por Jimmy Page. 


Com Brian Jones

Nico era famosa por se envolver com cantores/musicos famosos da época como os companheiros de VU, Lou Reed e Cale, também com Jackson Browne, Brian Jones (já citado), Tim Buckley, Bob Dylan, Jim Morrison e também com Iggy Pop.

Com Mick Jagger

Em Paris, Nico conheceu Bob Dylan, que impulsiona sua carreira de cantora, dando-lhe a canção: "I'll Keep It Mine",  que foi gravada no disco de estréia de Nico, "Chelsea Girl". Dylan também fez uma música em homenagem a ela, chamada "Visions Of Johanna", que está no disco "Blonde On Blonde". De volta a New York, Dylan apresenta-a ao artista plástico Andy Warhol e Christa Päffgen, virou Nico.
Logo ela começou a trabalhar com Andy Warhol e Paul Morrissey em seus filmes experimentais, incluindo "Chelsea Girls", "The Closet", "Sunset" e "Imitation of Christ".

The Velvet Underground/Nico/Andy Warhol
 Andy Warhol aquela altura havia se tornar o empresário do Velvet Underground, uma banda experintal que despontava na cena de NY e Andy propôs que o grupo teria Nico como vocalista junto a Lou Reed. 

O grupo concordou, mesmo com várias confusões como, John Cale, que descreveu Nico como "tone deaf", algo como: "quem não tem ouvido" e uma antipatia de Lou com relação a companheira de banda. Nico ficou um ano com o VU, tocando em vários lugares dos EUA.


Com o Velvet, ela ganhou de Lou Reed as canções; "Femme Fatale", "All Tomorrow Parties" e "I'll Be Your Mirror" e ainda fez backing vocal de "Sunday Morning" no álbum de estréia da banda: The Velvet Underground and Nico. 



John Cale, teria um papel fundamental na carreira solo de Nico mais a frente e após o Velvet. O grupo e Nico, excursionaram com a "Exploding Plastic Inevitable", show  experimental e alternativo e chocante de Andy Warhol, que misturava música, filme, dança e pop art ao mesmo tempo no palco. A turnê saiu de cena no começo de 1967, e Nico e o Velvet Underground trilharam caminhos diferentes.



Lançado no ano de 1967, o álbum "Velvet Underground e Nico",  foi fundamental para o aparecimentos de muitos gêneros musicais mais populares e não tão eruditos ou ultra trabalhados, incluindo o punk rock, New Wave e o Noise Rock. Praticamente toda a subcultura de "sexo, drogas e rock'n'roll" se inicia com a banda VU.



Tanto Lou Reed como John Cale tocaram em partes significantes do projeto solo de Nico. Nos próximos 20 anos que seguiram-se, ela gravou uma série de álbuns bem aclamados pela crítica, trabalhos bastante experimentais. John Cale esteve particularmente envolvido nas músicas de Nico, produzindo quatro de seus álbuns de estúdio, como também fazendo arranjos e tocando diversos instrumentos nas gravações.





Para o seu álbum de estréia em carreira solo, o Chelsea Girl, de 1967,tinha o envolvimento de diversos artistas como Bob Dylan, Tim Hardin, Jackson Browne e também de Lou Reed e John Cale. Ela gravou também uma música que Lou Reed e John Cale co-escreveram com Sterling Morrison, chamada "It Was a Pleasure Then", uma música de oito minutos com solos de guitarra e de viola.

Iggy Pop/ Nico e Eric Emerson no Max's Kansas City
Chelsea Girl é um álbum tradicional de folk que influenciou artistas do estilo como Leonard Cohen, com arranjos de instrumentos de corda e flautas sobrepostos por seu produtor. Nico, no entanto, não ficou satisfeita com o resultado do álbum finalizado.

Para o seu outro LP, o The Marble Index, de 1969, Nico escreveu todas as músicas do álbum e fez as estruturas de todas as músicas, que consistem principalmente em um balanço de harmônio nos acordes. Os arranjos foram escritos por John Cale, que deu às músicas de Nico um estilo de folk e instrumentos clássicos. Frazier Mohawk produziu o álbum. A harmonia de Nico tornou sua assinatura para o resto de sua carreira. O álbum combina elementos clássicos com o som de folk europeu.



Nico lançou mais dois álbuns solo nos anos 1970: o clássico Desertshore (1970), também produzido por John Cale e The End (1974), co-produzido por Cale e Joe Boyd. Cale tocou a maior parte dos instrumentos nesses dois álbuns. Nico escreveu as músicas, cantou, e tocou harmônio. The End, traz o músico Brian Eno tocando sintetizador, além do cover da musica que dá nome ao disco "The End", uma canção do grupo The Doors,  a canção se tornou uma das melhores interpretação da canção da banda de Jim Morrison.
Com John Cale
O seu próximo álbum de estúdio, Drama of Exile, de 1981, a separou de John Cale (que vinha acompanhado-a desde o começo), e trouxe uma mistura de rock e arranjos do oriente médio.Nesse disco, Nico está totalmente afundada na cocaína e na heroína. Nos anos seguintes, Nico, sozinha, cansou de ver seus amigos morrerem vítimas de overdose. Seus shows nesse período eram como um tributo a esses mortos, deixando-se envolver cada vez pelo lado escuro da vida.

Ela gravou seu último álbum solo, Camera Obscura, no ano de 1985, novamente com John Cale, desta vez, como produtor. O disco é um marco do rock atormentado e gótico, com Nico e Cale abusando do experimentalismo, em longas faixas estranhas e sombrias.
Foram 20 anos de carreira solo, marcada por discos de grande qualidade, e ainda aparições em inúmeros filmes, apesar de Nico não ser mais tão jovem assim e está envolvida no submundo das drogas e que a desgastou demais, porém sua imagem marcante e olhões azuis e na mão sempre um  cigarro, era algo que atraia os diretores de cinema experimental, foi o que chamou a atenção de Warhol também.




No fim desses 20 anos ela estava muito debilitada pelo uso constante de heroína (Nico foi uma viciada em heroína por mais de quinze anos) e por suas experiências e lembranças da guerra durante a infância  e o fato de sempre ser considerada uma criança ilegítima, situações e dramas que tornaram Nico uma pessoa traumatizada. 


Nico sempre foi descrita como uma pessoa infantil, muito doce, mas as drogas deixaram-na medonha. O uso das drogas a tornaram neurótica e ela quis ficar feia (porque, se você quisesse ser aceito no mundo da droga, devia ser repulsivo e fazer sons feios). 



Por isso ela se esforçou bastante para parecer feia e fazer sons feios, mas era apenas uma trilha auto-destrutiva na qual ela entrou quando se ligou em heroína. Ela levou bastante tempo para morrer, mas na época já tinha parado com os abusos de drogas. Estava usando metadona, mas provavelmente o organismo dela estava debilitado demais pelas drogas usada nesses longos 15 anos.


No dia 18 de julho de 1988, enquanto estava em férias com o seu filho em Ibiza, na Espanha, Nico teve um ataque cardíaco enquanto andava de bicicleta e, na queda, bateu a cabeça. O motorista de um táxi que passava a encontrou inconsciente e teve dificuldade para conseguir encontrar um hospital que a atendesse em Ibiza, pois Nico não tinha plano de saúde, era uma estrageira de férias na cidade.

Relata o filho de Nico, Ari Delon; "No fim da manhã de 17 de julho de 1988, minha mãe me disse que precisava ir ao centro para comprar marijuana. Sentou na frente do espelho e enrolou um lenço preto em volta da cabeça. Minha mãe fixou o olhar no espelho e tomou o maior cuidado para enrolar o lenço de maneira apropriada. Desceu a colina na bicicleta dela e disse: "Não vou demorar". Ela saiu no começo da tarde, lá pela uma hora, no dia mais quente do ano, estava trinta e cinco graus."


Paul Morrissey sobre a morte de Nico: "Nico morreu porque não tinha plano de saúde em Ibiza. Ela usava aquelas detestáveis roupas hippies de lã para disfarçar sua aparência, que tinha se deteriorado com o vício. E ela estava pedalando, usando aquelas coisas de lã no meio do verão, no maior calor, e teve uma insolaçãozinha que provavelmente teria sido bem fácil de tratar. Mas o cara que a pegou na estrada levou-a a dois ou três hospitais em Ibiza e nenhum deles a aceitou. Finalmente a Cruz Vermelha pegou-a, e ela morreu lá."


Ela foi diagnosticada incorretamente por ter sofrido insolação, e morreu no dia seguinte. O exame de raio-X, mais tarde, acabou revelando uma severa hemorragia cerebral, a causa real da morte da artista.

Nico foi enterrada no "Grunewald Forest Cemetery" em Berlin. Com a presença de poucos amigos em seu funeral, com a trilha sonora de fitas com musicas como "Mütterlein", uma música de seu álbum "Desertshore".

Fonte: Livro Kill Me Please

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